sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ACORDA ORTOGRÁFO

Novo Acordo Ortográfico



Olá queridos professores,

É sempre bom falar sobre o Novo Acordo Ortográfico, e quanto mais falarmos, mais familiarizados ficaremos com as mudanças.

Há também sempre um jeito atrativo de levar estas mudanças para os nossos alunos.

Primeiramente trago para vocês:

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: muitos sotaques, uma grafia

Fonte: EducaRede

Desde janeiro de 2009, entrou em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dúvidas, críticas e elogios compõem um mosaico de impressões sobre o Acordo que acaba de nascer nos oito países que falam Português

por José Alves

O que cinco países africanos, um asiático, um europeu e um da América do Sul podem ter em comum? Se a resposta for que os habitantes dessas oito nações utilizam-se da Língua Portuguesa para se comunicar, está correta. E é com a intenção de unificar a forma escrita da quinta língua mais falada no mundo, pronunciada por cerca de 230 milhões de pessoas, que os oito países lusófonos (que têm o português como língua oficial) do planeta – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Portugal e Brasil – aderiram ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que passou a vigorar desde o dia 1º de janeiro de 2009. Vale ressaltar que as duas normas ortográficas – a usada até então e a prevista no acordo – serão aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012. Segundo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a língua será internacionalmente tanto mais importante quanto maior for o seu peso unificado. A CPLP ainda destaca que das quatro grandes línguas (Inglês, Francês, Português e Espanhol), o Português é a única com duas grafias oficiais.

Novos parâmetros para a escrita



Mas o que muda efetivamente a partir do acordo ortográfico? Em primeiro lugar é necessário observar que, como o próprio nome diz, a mudança é meramente ortográfica, ou seja, concentra-se exclusivamente na grafia, nas letras e na acentuação das palavras, o que significa não haver alterações na pronúncia ou flexão, diferentes entre os países lusófonos. As principais mudanças estão concentradas no fim do trema e das consoantes mudas, nas novas regras para o emprego do hífen, na inclusão das letras w, k e y no alfabeto e nas novas regras de acentuação. Apesar das mudanças, não houve uma alteração significativa se a análise utilizar como base a quantidade de palavras modificadas. Linguistas dos dois países, Antônio Houaiss, pelo Brasil, e João Malaca Casteleiro, português, afirmam que 0,43% das palavras no Brasil e 1,42% das portuguesas sofrem alterações.

Acordo Ortográfico: Prós e Contras



A equipe do Portal EducaRede ouviu dois especialistas, Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, e José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), que defendem posições diferentes em relação ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Para Tufano, embora não seja completamente favorável ao Acordo, esse momento é considerado um passo à frente no projeto de unificação ortográfica, mas ainda está longe do pretendido objetivo. "Nesse caso, o Acordo poderia ter sido mais ousado e abrangente". Outra questão levantada por Tufano é a falta de clareza quanto ao uso do Hífen: "o maior dos problemas no Acordo é a confusão que se estabeleceu quanto ao uso do hífen nas locuções. No uso do hífen com os prefixos, as regras são quase todas bem simples, mas ao tratar do uso do hífen nas locuções, como "maria vai com as outras" ou "pé de moleque", o Acordo não é nada claro e a publicação do dicionário da Academia Brasileira de Letras não contribuiu em nada para esclarecer essa questão". Segundo Tufano, a resolução desse problema passa pela elaboração do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), considerada uma fonte oficial de consulta e que já deveria estar publicado antes do Acordo entrar em vigor, para evitar confusões.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), concorda que algumas normas são tecnicamente mal formuladas, principalmente nas bases 15 e 16 do Acordo, em relação ao Hífen, que carrega dubiedade no entendimento das regras. A resolução desse problema está na elaboração do "Vocabulário Ortográfico Da Língua Portuguesa", outro ponto de concordância entre os especialistas. Mas, ao contrário de Tufano, José Luiz Fiorin é plenamente a favor do Acordo, principalmente em seu aspecto político, já que unifica a grafia nos países lusófonos e cria uma unidade na Comunidade de Língua Portuguesa. Até então, tínhamos duas grafias oficiais, a utilizada em Portugal, que é a mesma nas ex-colônias africanas e asiática, e a usada no Brasil. Segundo Fiorin, "reafirmar a unidade ortográfica é reafirmar a unidade de base da Língua Portuguesa". O especialista fez questão de salientar a diferença entre grafia e língua: "A língua é viva e muda tanto de país para país, com seus sotaques e gírias, como de geração para geração dentro do mesmo território. A unificação está somente na grafia".

Por fim, Fiorin analisou o impacto do Acordo nas salas de aula: "não interfere em nada a assimilação dos estudantes". O professor aponta três antigos problemas de ortografia nas escolas, e ressalta que nenhum deles foi contemplado no acordo. São eles:

1. Uma letra que representa vários sons. Ex: a letra "X" tem som de "C" na palavra auxílio e som de "Z" em exame;

2. Várias letras representam o mesmo som. Ex. Em beleza, o "Z" tem som de "Z", em exame, o "X" também tem som de "Z", e em casa, o "S" tem a mesma característica, som de "Z";

3. A não correspondência entre a letra e o som. Ex. A palavra "Sol": como a letra "L" tem som de "U", alunos podem escrever "Sou", o mesmo se dá com a palavra "Sal", que pode ser escrita, equivocadamente, "sau".

Para o Professor, uma forma de resolver essa questão está no automatismo da escrita, que vai aos poucos eliminando essas dúvidas. O entrevistado aponta uma forma bastante eficiente para alcançar esse automatismo, que é a memória visual das palavras, ou seja, quanto mais os alunos lerem, menos errarão na escrita. Mais um dado que evidencia a importância do hábito da leitura.

Custo ou investimento?



Segundo estimativa, a reforma ortográfica deverá custar cerca de 30 milhões de reais às editoras brasileiras, que deverão revisar e relançar mais de 25 mil títulos de livros. O Professor Douglas Tufano considera que a "relação custo/benefício é muito pequena e não compensa o gasto financeiro com as reedições". A Câmara Brasileira do Livro, no entanto, acha que esse valor pode vir a ser um bom investimento, já que as mudanças podem aumentar a venda de obras brasileiras em outros países de Língua Portuguesa. Em entrevista à Rede Globo de Televisão, Rosely Bosquini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, afirma: "Antes do acordo, sempre precisávamos adaptar os livros e para isso nós dependíamos de editores portugueses ou de outros países de Língua Portuguesa para trabalhar nos textos das obras brasileiras. Com a nova ortografia unificada, o mercado nos países pertencentes ao acordo tende a se abrir para a literatura brasileira". As editoras têm até dezembro de 2012 para revisar todas as obras e disponibilizá-las no mercado, data em que passa a vigorar a obrigatoriedade das novas regras nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos.

O Acordo Ortográfico e o Internetês



O Acordo Ortográfico, por meio das novas normas, unificou a grafia da língua nos países da Comunidade de Língua Portuguesa. A linguagem utilizada na Internet, chamada popularmente de Internetês, sofre alguma influência a partir das novas regras do Acordo Ortográfico?

Segundo Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, o internetês não tem ligação com o acordo, já que se trata de um sistema elaborado pelos próprios internautas, que não estão preocupados com a ortografia oficial, seja ela velha ou nova. "Eles querem apenas praticidade. Por isso, aliás, esse internetês deve se modificar muito ainda com o tempo, na busca dos internautas por mais rapidez e simplicidade", diz Tufano em entrevista ao EducaRede.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), ao falar ao EducaRede diz que a linguagem utilizada na web é uma abreviação, uma forma de trazer praticidade e rapidez à escrita, característica idêntica à uma anotação feita à mão, por exemplo, quando precisamos registrar um grande número de informações em curto espaço de tempo; portanto, não sofre nem exerce nenhuma influência ao Acordo.

Além disso, Fiorin não considera o Internetês como uma degradação da língua, como muito se diz. Ele aponta, inclusive, considerações notáveis no uso dessa linguagem, como a abreviação pelas consoantes: beleza abrevia-se blz, por exemplo. Segundo o especialista, trata-se de uma "análise linguistica intuitiva da grafia", já que, desde os Fenícios, quando surge o alfabeto, somente as consoantes eram marcadas. "É possível ler uma palavra se tivermos somente as consoantes na abreviação, mas é impossível ler a mesma palavra se separarmos somente as vogais", diz.

CURIOSIDADE

Histórico: os caminhos da língua



Muitos devem se perguntar o porquê da Língua Portuguesa possuir duas grafias oficiais. Tudo começou em Portugal, em 1911, quando da 1ª Reforma Oficial da Ortografia Portuguesa, que não levou em consideração a República Brasileira, e, desde essa data, a língua tem comportado duas formas de escrita. A partir daí, as duas ortografias percorreram caminhos distintos ao longo dos anos.

Foram muitas as tentivas de unificação da ortografia no século passado. Em 1931 aconteceu o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a Língua Portuguesa. Contudo, este acordo não foi posto em prática. Em 1943 é redigido o Formulário Ortográfico de 1943, na primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal. Dois anos depois, em 1945, um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em todos os países de Língua Portuguesa, com excessão do Brasil, que continuou a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.

Uma nova tentativa de unificação aconteceu em 1975 por meio de outro acordo ortográfico, agora elaborado pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa. Na ocasião, não houve aprovação por motivações políticas entre os países. Uma nova investida, estimulada pelo acadêmico Antonio Houaiss, deu-se em 1986. Segundo Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras, desta vez não houve aprovação por reações polêmicas ao acordo, que àquela época pretendia unificar 99,5% do vocabulário.

Por fim, em 1990, em Lisboa, um novo documento foi elaborado e assinado por representantes das nações de Língua Portuguesa, com a finalidade de unificar 98% da grafia do vocabulário. O documento, que regula o Acordo, foi aprovado pelos congressos de Portugal e Cabo Verde. Em 1995, foi aprovado por parlamentares brasileiros. Em 1998, os países assinaram um protocolo modificativo do acordo, alterando a data de vigência. Em 2004, foi assinado um novo protocolo modificativo para a adesão do Timor-Leste às normas, já que o país conquistou sua independência em 2002.



Estas quadrinhas me foram enviadas pela professora de Português Lauana Vale de Melo Brandão que com bom humor enfoca as mudanças do novoAcordo Ortográfico.

Clique nas figuras para lê-las em tamanho aumentado






















Novo Acordo Ortográfico



Olá queridos professores,

É sempre bom falar sobre o Novo Acordo Ortográfico, e quanto mais falarmos, mais familiarizados ficaremos com as mudanças.

Há também sempre um jeito atrativo de levar estas mudanças para os nossos alunos.

Primeiramente trago para vocês:

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: muitos sotaques, uma grafia

Fonte: EducaRede

Desde janeiro de 2009, entrou em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dúvidas, críticas e elogios compõem um mosaico de impressões sobre o Acordo que acaba de nascer nos oito países que falam Português

por José Alves

O que cinco países africanos, um asiático, um europeu e um da América do Sul podem ter em comum? Se a resposta for que os habitantes dessas oito nações utilizam-se da Língua Portuguesa para se comunicar, está correta. E é com a intenção de unificar a forma escrita da quinta língua mais falada no mundo, pronunciada por cerca de 230 milhões de pessoas, que os oito países lusófonos (que têm o português como língua oficial) do planeta – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Portugal e Brasil – aderiram ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que passou a vigorar desde o dia 1º de janeiro de 2009. Vale ressaltar que as duas normas ortográficas – a usada até então e a prevista no acordo – serão aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012. Segundo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a língua será internacionalmente tanto mais importante quanto maior for o seu peso unificado. A CPLP ainda destaca que das quatro grandes línguas (Inglês, Francês, Português e Espanhol), o Português é a única com duas grafias oficiais.

Novos parâmetros para a escrita



Mas o que muda efetivamente a partir do acordo ortográfico? Em primeiro lugar é necessário observar que, como o próprio nome diz, a mudança é meramente ortográfica, ou seja, concentra-se exclusivamente na grafia, nas letras e na acentuação das palavras, o que significa não haver alterações na pronúncia ou flexão, diferentes entre os países lusófonos. As principais mudanças estão concentradas no fim do trema e das consoantes mudas, nas novas regras para o emprego do hífen, na inclusão das letras w, k e y no alfabeto e nas novas regras de acentuação. Apesar das mudanças, não houve uma alteração significativa se a análise utilizar como base a quantidade de palavras modificadas. Linguistas dos dois países, Antônio Houaiss, pelo Brasil, e João Malaca Casteleiro, português, afirmam que 0,43% das palavras no Brasil e 1,42% das portuguesas sofrem alterações.

Acordo Ortográfico: Prós e Contras



A equipe do Portal EducaRede ouviu dois especialistas, Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, e José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), que defendem posições diferentes em relação ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Para Tufano, embora não seja completamente favorável ao Acordo, esse momento é considerado um passo à frente no projeto de unificação ortográfica, mas ainda está longe do pretendido objetivo. "Nesse caso, o Acordo poderia ter sido mais ousado e abrangente". Outra questão levantada por Tufano é a falta de clareza quanto ao uso do Hífen: "o maior dos problemas no Acordo é a confusão que se estabeleceu quanto ao uso do hífen nas locuções. No uso do hífen com os prefixos, as regras são quase todas bem simples, mas ao tratar do uso do hífen nas locuções, como "maria vai com as outras" ou "pé de moleque", o Acordo não é nada claro e a publicação do dicionário da Academia Brasileira de Letras não contribuiu em nada para esclarecer essa questão". Segundo Tufano, a resolução desse problema passa pela elaboração do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), considerada uma fonte oficial de consulta e que já deveria estar publicado antes do Acordo entrar em vigor, para evitar confusões.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), concorda que algumas normas são tecnicamente mal formuladas, principalmente nas bases 15 e 16 do Acordo, em relação ao Hífen, que carrega dubiedade no entendimento das regras. A resolução desse problema está na elaboração do "Vocabulário Ortográfico Da Língua Portuguesa", outro ponto de concordância entre os especialistas. Mas, ao contrário de Tufano, José Luiz Fiorin é plenamente a favor do Acordo, principalmente em seu aspecto político, já que unifica a grafia nos países lusófonos e cria uma unidade na Comunidade de Língua Portuguesa. Até então, tínhamos duas grafias oficiais, a utilizada em Portugal, que é a mesma nas ex-colônias africanas e asiática, e a usada no Brasil. Segundo Fiorin, "reafirmar a unidade ortográfica é reafirmar a unidade de base da Língua Portuguesa". O especialista fez questão de salientar a diferença entre grafia e língua: "A língua é viva e muda tanto de país para país, com seus sotaques e gírias, como de geração para geração dentro do mesmo território. A unificação está somente na grafia".

Por fim, Fiorin analisou o impacto do Acordo nas salas de aula: "não interfere em nada a assimilação dos estudantes". O professor aponta três antigos problemas de ortografia nas escolas, e ressalta que nenhum deles foi contemplado no acordo. São eles:

1. Uma letra que representa vários sons. Ex: a letra "X" tem som de "C" na palavra auxílio e som de "Z" em exame;

2. Várias letras representam o mesmo som. Ex. Em beleza, o "Z" tem som de "Z", em exame, o "X" também tem som de "Z", e em casa, o "S" tem a mesma característica, som de "Z";

3. A não correspondência entre a letra e o som. Ex. A palavra "Sol": como a letra "L" tem som de "U", alunos podem escrever "Sou", o mesmo se dá com a palavra "Sal", que pode ser escrita, equivocadamente, "sau".

Para o Professor, uma forma de resolver essa questão está no automatismo da escrita, que vai aos poucos eliminando essas dúvidas. O entrevistado aponta uma forma bastante eficiente para alcançar esse automatismo, que é a memória visual das palavras, ou seja, quanto mais os alunos lerem, menos errarão na escrita. Mais um dado que evidencia a importância do hábito da leitura.

Custo ou investimento?



Segundo estimativa, a reforma ortográfica deverá custar cerca de 30 milhões de reais às editoras brasileiras, que deverão revisar e relançar mais de 25 mil títulos de livros. O Professor Douglas Tufano considera que a "relação custo/benefício é muito pequena e não compensa o gasto financeiro com as reedições". A Câmara Brasileira do Livro, no entanto, acha que esse valor pode vir a ser um bom investimento, já que as mudanças podem aumentar a venda de obras brasileiras em outros países de Língua Portuguesa. Em entrevista à Rede Globo de Televisão, Rosely Bosquini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, afirma: "Antes do acordo, sempre precisávamos adaptar os livros e para isso nós dependíamos de editores portugueses ou de outros países de Língua Portuguesa para trabalhar nos textos das obras brasileiras. Com a nova ortografia unificada, o mercado nos países pertencentes ao acordo tende a se abrir para a literatura brasileira". As editoras têm até dezembro de 2012 para revisar todas as obras e disponibilizá-las no mercado, data em que passa a vigorar a obrigatoriedade das novas regras nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos.

O Acordo Ortográfico e o Internetês



O Acordo Ortográfico, por meio das novas normas, unificou a grafia da língua nos países da Comunidade de Língua Portuguesa. A linguagem utilizada na Internet, chamada popularmente de Internetês, sofre alguma influência a partir das novas regras do Acordo Ortográfico?

Segundo Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, o internetês não tem ligação com o acordo, já que se trata de um sistema elaborado pelos próprios internautas, que não estão preocupados com a ortografia oficial, seja ela velha ou nova. "Eles querem apenas praticidade. Por isso, aliás, esse internetês deve se modificar muito ainda com o tempo, na busca dos internautas por mais rapidez e simplicidade", diz Tufano em entrevista ao EducaRede.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), ao falar ao EducaRede diz que a linguagem utilizada na web é uma abreviação, uma forma de trazer praticidade e rapidez à escrita, característica idêntica à uma anotação feita à mão, por exemplo, quando precisamos registrar um grande número de informações em curto espaço de tempo; portanto, não sofre nem exerce nenhuma influência ao Acordo.

Além disso, Fiorin não considera o Internetês como uma degradação da língua, como muito se diz. Ele aponta, inclusive, considerações notáveis no uso dessa linguagem, como a abreviação pelas consoantes: beleza abrevia-se blz, por exemplo. Segundo o especialista, trata-se de uma "análise linguistica intuitiva da grafia", já que, desde os Fenícios, quando surge o alfabeto, somente as consoantes eram marcadas. "É possível ler uma palavra se tivermos somente as consoantes na abreviação, mas é impossível ler a mesma palavra se separarmos somente as vogais", diz.

CURIOSIDADE

Histórico: os caminhos da língua



Muitos devem se perguntar o porquê da Língua Portuguesa possuir duas grafias oficiais. Tudo começou em Portugal, em 1911, quando da 1ª Reforma Oficial da Ortografia Portuguesa, que não levou em consideração a República Brasileira, e, desde essa data, a língua tem comportado duas formas de escrita. A partir daí, as duas ortografias percorreram caminhos distintos ao longo dos anos.

Foram muitas as tentivas de unificação da ortografia no século passado. Em 1931 aconteceu o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a Língua Portuguesa. Contudo, este acordo não foi posto em prática. Em 1943 é redigido o Formulário Ortográfico de 1943, na primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal. Dois anos depois, em 1945, um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em todos os países de Língua Portuguesa, com excessão do Brasil, que continuou a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.

Uma nova tentativa de unificação aconteceu em 1975 por meio de outro acordo ortográfico, agora elaborado pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa. Na ocasião, não houve aprovação por motivações políticas entre os países. Uma nova investida, estimulada pelo acadêmico Antonio Houaiss, deu-se em 1986. Segundo Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras, desta vez não houve aprovação por reações polêmicas ao acordo, que àquela época pretendia unificar 99,5% do vocabulário.

Por fim, em 1990, em Lisboa, um novo documento foi elaborado e assinado por representantes das nações de Língua Portuguesa, com a finalidade de unificar 98% da grafia do vocabulário. O documento, que regula o Acordo, foi aprovado pelos congressos de Portugal e Cabo Verde. Em 1995, foi aprovado por parlamentares brasileiros. Em 1998, os países assinaram um protocolo modificativo do acordo, alterando a data de vigência. Em 2004, foi assinado um novo protocolo modificativo para a adesão do Timor-Leste às normas, já que o país conquistou sua independência em 2002.



Estas quadrinhas me foram enviadas pela professora de Português Lauana Vale de Melo Brandão que com bom humor enfoca as mudanças do novoAcordo Ortográfico.

Clique nas figuras para lê-las em tamanho aumentado






















Novo Acordo Ortográfico



Olá queridos professores,

É sempre bom falar sobre o Novo Acordo Ortográfico, e quanto mais falarmos, mais familiarizados ficaremos com as mudanças.

Há também sempre um jeito atrativo de levar estas mudanças para os nossos alunos.

Primeiramente trago para vocês:

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: muitos sotaques, uma grafia

Fonte: EducaRede

Desde janeiro de 2009, entrou em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Dúvidas, críticas e elogios compõem um mosaico de impressões sobre o Acordo que acaba de nascer nos oito países que falam Português

por José Alves

O que cinco países africanos, um asiático, um europeu e um da América do Sul podem ter em comum? Se a resposta for que os habitantes dessas oito nações utilizam-se da Língua Portuguesa para se comunicar, está correta. E é com a intenção de unificar a forma escrita da quinta língua mais falada no mundo, pronunciada por cerca de 230 milhões de pessoas, que os oito países lusófonos (que têm o português como língua oficial) do planeta – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Portugal e Brasil – aderiram ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que passou a vigorar desde o dia 1º de janeiro de 2009. Vale ressaltar que as duas normas ortográficas – a usada até então e a prevista no acordo – serão aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos até dezembro de 2012. Segundo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a língua será internacionalmente tanto mais importante quanto maior for o seu peso unificado. A CPLP ainda destaca que das quatro grandes línguas (Inglês, Francês, Português e Espanhol), o Português é a única com duas grafias oficiais.

Novos parâmetros para a escrita



Mas o que muda efetivamente a partir do acordo ortográfico? Em primeiro lugar é necessário observar que, como o próprio nome diz, a mudança é meramente ortográfica, ou seja, concentra-se exclusivamente na grafia, nas letras e na acentuação das palavras, o que significa não haver alterações na pronúncia ou flexão, diferentes entre os países lusófonos. As principais mudanças estão concentradas no fim do trema e das consoantes mudas, nas novas regras para o emprego do hífen, na inclusão das letras w, k e y no alfabeto e nas novas regras de acentuação. Apesar das mudanças, não houve uma alteração significativa se a análise utilizar como base a quantidade de palavras modificadas. Linguistas dos dois países, Antônio Houaiss, pelo Brasil, e João Malaca Casteleiro, português, afirmam que 0,43% das palavras no Brasil e 1,42% das portuguesas sofrem alterações.

Acordo Ortográfico: Prós e Contras



A equipe do Portal EducaRede ouviu dois especialistas, Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, e José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), que defendem posições diferentes em relação ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Para Tufano, embora não seja completamente favorável ao Acordo, esse momento é considerado um passo à frente no projeto de unificação ortográfica, mas ainda está longe do pretendido objetivo. "Nesse caso, o Acordo poderia ter sido mais ousado e abrangente". Outra questão levantada por Tufano é a falta de clareza quanto ao uso do Hífen: "o maior dos problemas no Acordo é a confusão que se estabeleceu quanto ao uso do hífen nas locuções. No uso do hífen com os prefixos, as regras são quase todas bem simples, mas ao tratar do uso do hífen nas locuções, como "maria vai com as outras" ou "pé de moleque", o Acordo não é nada claro e a publicação do dicionário da Academia Brasileira de Letras não contribuiu em nada para esclarecer essa questão". Segundo Tufano, a resolução desse problema passa pela elaboração do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), considerada uma fonte oficial de consulta e que já deveria estar publicado antes do Acordo entrar em vigor, para evitar confusões.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), concorda que algumas normas são tecnicamente mal formuladas, principalmente nas bases 15 e 16 do Acordo, em relação ao Hífen, que carrega dubiedade no entendimento das regras. A resolução desse problema está na elaboração do "Vocabulário Ortográfico Da Língua Portuguesa", outro ponto de concordância entre os especialistas. Mas, ao contrário de Tufano, José Luiz Fiorin é plenamente a favor do Acordo, principalmente em seu aspecto político, já que unifica a grafia nos países lusófonos e cria uma unidade na Comunidade de Língua Portuguesa. Até então, tínhamos duas grafias oficiais, a utilizada em Portugal, que é a mesma nas ex-colônias africanas e asiática, e a usada no Brasil. Segundo Fiorin, "reafirmar a unidade ortográfica é reafirmar a unidade de base da Língua Portuguesa". O especialista fez questão de salientar a diferença entre grafia e língua: "A língua é viva e muda tanto de país para país, com seus sotaques e gírias, como de geração para geração dentro do mesmo território. A unificação está somente na grafia".

Por fim, Fiorin analisou o impacto do Acordo nas salas de aula: "não interfere em nada a assimilação dos estudantes". O professor aponta três antigos problemas de ortografia nas escolas, e ressalta que nenhum deles foi contemplado no acordo. São eles:

1. Uma letra que representa vários sons. Ex: a letra "X" tem som de "C" na palavra auxílio e som de "Z" em exame;

2. Várias letras representam o mesmo som. Ex. Em beleza, o "Z" tem som de "Z", em exame, o "X" também tem som de "Z", e em casa, o "S" tem a mesma característica, som de "Z";

3. A não correspondência entre a letra e o som. Ex. A palavra "Sol": como a letra "L" tem som de "U", alunos podem escrever "Sou", o mesmo se dá com a palavra "Sal", que pode ser escrita, equivocadamente, "sau".

Para o Professor, uma forma de resolver essa questão está no automatismo da escrita, que vai aos poucos eliminando essas dúvidas. O entrevistado aponta uma forma bastante eficiente para alcançar esse automatismo, que é a memória visual das palavras, ou seja, quanto mais os alunos lerem, menos errarão na escrita. Mais um dado que evidencia a importância do hábito da leitura.

Custo ou investimento?



Segundo estimativa, a reforma ortográfica deverá custar cerca de 30 milhões de reais às editoras brasileiras, que deverão revisar e relançar mais de 25 mil títulos de livros. O Professor Douglas Tufano considera que a "relação custo/benefício é muito pequena e não compensa o gasto financeiro com as reedições". A Câmara Brasileira do Livro, no entanto, acha que esse valor pode vir a ser um bom investimento, já que as mudanças podem aumentar a venda de obras brasileiras em outros países de Língua Portuguesa. Em entrevista à Rede Globo de Televisão, Rosely Bosquini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, afirma: "Antes do acordo, sempre precisávamos adaptar os livros e para isso nós dependíamos de editores portugueses ou de outros países de Língua Portuguesa para trabalhar nos textos das obras brasileiras. Com a nova ortografia unificada, o mercado nos países pertencentes ao acordo tende a se abrir para a literatura brasileira". As editoras têm até dezembro de 2012 para revisar todas as obras e disponibilizá-las no mercado, data em que passa a vigorar a obrigatoriedade das novas regras nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos.

O Acordo Ortográfico e o Internetês



O Acordo Ortográfico, por meio das novas normas, unificou a grafia da língua nos países da Comunidade de Língua Portuguesa. A linguagem utilizada na Internet, chamada popularmente de Internetês, sofre alguma influência a partir das novas regras do Acordo Ortográfico?

Segundo Douglas Tufano, professor de Português e História da Arte, e autor de livros didáticos e paradidáticos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, o internetês não tem ligação com o acordo, já que se trata de um sistema elaborado pelos próprios internautas, que não estão preocupados com a ortografia oficial, seja ela velha ou nova. "Eles querem apenas praticidade. Por isso, aliás, esse internetês deve se modificar muito ainda com o tempo, na busca dos internautas por mais rapidez e simplicidade", diz Tufano em entrevista ao EducaRede.

José Luiz Fiorin, Professor Associado do Departamento de Lingüística da FFLCH da Universidade de São Paulo (USP), ao falar ao EducaRede diz que a linguagem utilizada na web é uma abreviação, uma forma de trazer praticidade e rapidez à escrita, característica idêntica à uma anotação feita à mão, por exemplo, quando precisamos registrar um grande número de informações em curto espaço de tempo; portanto, não sofre nem exerce nenhuma influência ao Acordo.

Além disso, Fiorin não considera o Internetês como uma degradação da língua, como muito se diz. Ele aponta, inclusive, considerações notáveis no uso dessa linguagem, como a abreviação pelas consoantes: beleza abrevia-se blz, por exemplo. Segundo o especialista, trata-se de uma "análise linguistica intuitiva da grafia", já que, desde os Fenícios, quando surge o alfabeto, somente as consoantes eram marcadas. "É possível ler uma palavra se tivermos somente as consoantes na abreviação, mas é impossível ler a mesma palavra se separarmos somente as vogais", diz.

CURIOSIDADE

Histórico: os caminhos da língua



Muitos devem se perguntar o porquê da Língua Portuguesa possuir duas grafias oficiais. Tudo começou em Portugal, em 1911, quando da 1ª Reforma Oficial da Ortografia Portuguesa, que não levou em consideração a República Brasileira, e, desde essa data, a língua tem comportado duas formas de escrita. A partir daí, as duas ortografias percorreram caminhos distintos ao longo dos anos.

Foram muitas as tentivas de unificação da ortografia no século passado. Em 1931 aconteceu o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a Língua Portuguesa. Contudo, este acordo não foi posto em prática. Em 1943 é redigido o Formulário Ortográfico de 1943, na primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal. Dois anos depois, em 1945, um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em todos os países de Língua Portuguesa, com excessão do Brasil, que continuou a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.

Uma nova tentativa de unificação aconteceu em 1975 por meio de outro acordo ortográfico, agora elaborado pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia das Ciências de Lisboa. Na ocasião, não houve aprovação por motivações políticas entre os países. Uma nova investida, estimulada pelo acadêmico Antonio Houaiss, deu-se em 1986. Segundo Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras, desta vez não houve aprovação por reações polêmicas ao acordo, que àquela época pretendia unificar 99,5% do vocabulário.

Por fim, em 1990, em Lisboa, um novo documento foi elaborado e assinado por representantes das nações de Língua Portuguesa, com a finalidade de unificar 98% da grafia do vocabulário. O documento, que regula o Acordo, foi aprovado pelos congressos de Portugal e Cabo Verde. Em 1995, foi aprovado por parlamentares brasileiros. Em 1998, os países assinaram um protocolo modificativo do acordo, alterando a data de vigência. Em 2004, foi assinado um novo protocolo modificativo para a adesão do Timor-Leste às normas, já que o país conquistou sua independência em 2002.



Estas quadrinhas me foram enviadas pela professora de Português Lauana Vale de Melo Brandão que com bom humor enfoca as mudanças do novoAcordo Ortográfico.

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